Depois de alguns desencontros você voltou, como quem não queria nada e depois de cinco minutos de conversa eu já nem lembrava o porquê do sumiço. Relutei em te passar meu novo número, mas não resisti, depois de ver você com seus filhos. Um bom pai não poderia ser uma má pessoa.
Sua insistência em me ver me deixou sem reação, eu não estava preparada. Depois de tanto tempo sozinha e tantas tentativas fracassadas de tentar me apaixonar, lá estava eu, entre o sim e o não. Será que iria valer a pena? Será que não seria melhor voltar pra cama e dormir? Mas você veio.
A campainha tocou. Desci as escadas em passos rasos. Abri o portão, 20 segundos de troca de olhares. 40 segundos de abraço apertado, 60 segundos sem respirar. Entre uma cerveja e outra, tragos de cigarro. Sorrisos, espiritualidade, direito, leis, histórias, carinho na mão, livros. Beijo. Juro que pude ver tua alma no momento em que deixou meus lábios e encarou meu olhos.
Como proceder? Não sei. Só estava perdida naquele mar verde que habitava em seu olhar.
Tic tac tic tac a hora passou rápido demais. Sem pretensão, ajeitou-se comigo, dividiu a coberta, o ombro e o calor. Carinhos suaves e me ajeitei em seus braços e sua respiração forte foi minha canção de ninar.
Tocou o despertador, uma espreguiçada, um sorriso, beijo e bom dia. Um trago de cigarro, chuveiro e café. Mas você precisava ir.
Há anos não me sentia assim, totalmente à vontade com alguém, Lembrei da profecia da baiana, que me jurou que meu amor estava chegando, meu amor com belo par de olhos verdes. Bobagem, pensei. Mas que é estranho, é.
É como se já te conhecia há anos e todo esse tempo distantes nunca tivesse acontecido. Voltamos exatamente onde paramos. Mas a pergunta é: você vai ficar? Ou vai fazer exatamente igual aos outros? Porque você jamais será comparado aos outros, pelo simples fato de me fazer sentir assim.
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