Sexta feira. Dia mundial da alegria sem motivo. Pessoas saem, bebem, dançam, cantam, se divertem, se amam. Mas eu não queria ver ninguém, queria ficar em casa quieta, lendo e assistindo a filmes. E assim fiz; comprei comida, cerveja e cigarros, li, assisti a meus filmes preferidos, cantei muito, ao som de rock, bem alto. Fui dormir já estava apontando os primeiros raios de sol.
Quando acordei, passei boa parte do dia na cama, em meio aos meus gatos e lendo mais um pouco. Senti falta do café, aquele meu café, fui para cozinha e, num lapso de susto com falta de memória, percebi que a minha louça da semana inteira que estava acumulada na pia, estava lavada. Ué, eu não me lembrava de ter lavado a louça.
Mas lembrei que você esteve em casa, para pegar algumas coisas e arrumar meu computador. Você ainda tinha a chave daqui, e eu tinha a maior preguiça de pedir de volta. Peguei o celular e mandei uma mensagem, "obrigada por ter me livrado da maldição da louça suja". Você respondeu 5 minutos depois, dizendo que não foi nada, só fez isso enquanto estava esperando o computador baixar alguns programas.
Lavar louça não é passa tempo, você não gosta de lavar a louça, tanto quanto eu, pois nós dois temos o costume de deixar a louça suja a semana toda, não paramos em casa, é um prato, dois copos e alguns talheres, não faz mal. Mas você lavou minha louça. É como deixar um bilhete "passei por aqui, pensei em você, te livrei do trabalho pesado". Cara, porque você faz isso? Fica o tempo todo indo e voltando.
Quando vai, parte sem deixar rastros. Quando volta, é como bater de frente a uma parede, de cara.E há quem diga que esse nosso contato é o que faz mal a nós, pois nunca conseguimos nos desligar completamente um do outro. Será? Será que se nunca mais nos víssemos seria completamente diferente? Não sei responder a isso, mas ter você continuamente em minha vida com certeza não me deixa desprender totalmente.
E você ainda vem em casa e lava minha louça.
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