quarta-feira, 2 de março de 2016

Criminalidade x oportunidade

A prole pobre do Brasil, grita, em suas comunidades, um pedido de socorro. A criminalidade atinge em cheio crianças, jovens e mulheres da periferia. De onde vem a criminalidade? Sempre ouço comentários preconceituosos por parte das pessoas, dizendo que a criminalidade começa do preto, que vem da favela, que não teve acesso a educação e a orientação. Dizem que as mulheres da favela são abusadas, trabalham muito para sustentar um filho. As crianças são aliciadas pelos traficantes, a milícia impera com suas regras ditadoras ... 




Sabe o que eu penso? De verdade? 

Pobreza, nunca foi e nunca será, desculpa para uma pessoa se marginalizar. Quem quer algo, realmente, corre atrás. Você já deve ter escutado milhares de histórias de pessoas que fizeram e ainda fazem a diferença, mesmo tendo vindo de uma favela. Se pobreza fosse acesso rápido a criminalidade, não teriam tantos filhinhos de papais praticando crimes e também não teríamos tanta corrupção. 

Criminalidade é mal caráter! É fraqueza! Atitude de pessoas que apenas pensam em si, que são frias a ponto de matar por uma carteira ou celular, pessoas despreocupadas, egoístas, fracas. Você já viu um chefe de tráfico ter dó das crianças que são recrutadas para serem olheiras? Já viu como a polícia invade esses morros? As mortes brutais que acontecem, no mínimo, duas vezes por mês? Você acha que a televisão realmente mostra tudo o que acontece nesses lugares?

Já foi a época em que moleque neguinho era sinônimo de ladrãozinho, hoje, os maiores bandidos, estão de terno e gravata, andam de carro importado, bebem Whisky escocês, fumam charutos cubanos legítimos. E as pessoas ainda acham que a favela é criadouro de bandido. É e não é. Mas é um assunto muito complexo.

Voltando ao assunto, hoje, todos tem acesso a informação, seja pela internet, televisão, rádios, todos sabem que a vida do crime não compensa, mas, então, porque muitos entram? Por que pessoas de todas as classes sociais estão envolvidas na marginalidade? Impunidade. Convivemos com essa palavra todos os dias, querendo ou não, consciente ou não. É só ligar a televisão em qualquer noticiário para ter a horrível sensação de impunidade. 

Hoje, se você rouba e leva um tiro, os moralistas dos direitos humanos vão te proteger até a morte. Se você é menor e tem uma vida de assaltos, assassinatos, você é protegido pela lei da criança e do adolescente. Se você tem faculdade, tem direito a uma cela melhor. Se você roubou um pão para dar de comer ao seu filho, morre na cadeia, dividindo cela com mais pessoas, em uma super lotação e falta de higiene total. 

Se ligar ao crime tem toda aquela magia do cinema, sim, o cinema e as novelas nos deixam extasiados com essa vida bandida, louca, cheia de adrenalina, mas, rapaz, quem disse que é assim? Só se você for Dom Corleone ou Alcapone pra viver bem sendo da máfia. A vida do crime é terra de ninguém, se você cair não vai ter parceiros para te pegar do chão não! Vão usar tudo o que puderem de você, mas se você não aguentar, é o primeiro que roda. 

Há tantos projetos sociais por aí, igrejas, instituições, ONG's, peça ajuda, estude, ajude outras pessoas a encontrarem um caminho no bem. Seja alguém de quem você possa se orgulhar. E esqueça essas letras de funk pejorativos, porque ninguém consegue fama e sucesso do nada. Ninguém consegue carros e motos importados sem fazer algo ilícito. Até os funkeiros, os de verdade, que estão no topo, ralaram muito para ter suas mansões. 

Sem trabalho, você não é ninguém, sem estudo e conhecimento, você não é nada. Faculdade da vida? Faculdade da rua? Isso vai te levar a onde? Só entra pro crime, quem quer! 




Essa foto à cima é uma cena que se repete a cada tomada da polícia nos morros. Mães chorando pelos seus filhos, caídos no chão.

Mães, vamos ter uma conversa séria, agora. 

Quando seus filhos te pedirem algo que você não possa ou não tenha condição de fazer, diga não. Quando seu filho chegar da escola e quiser dormir a tarde toda, diga não. Quando seu filho fizer manha ou birra sobre algo, não dê atenção. Desde criança, temos que educar nossos filhos a saberem entender o não, e à cima de tudo, respeitar o não. Falar não, é um ato de amor. 

Não precisa ser rico para saber dar educação as crianças, tem, em todas as cidades, centros educacionais gratuitos, centros comunitários, quadras de esportes, assistências sociais, cursos gratuitos. Investir em sua criança é investir em um adulto responsável. Criança que tem responsabilidades desde nova, tem 80% de chance de tornar-se um adulto fora da criminalidade.

Tudo é questão de oportunidades. Tem que investir nas crianças sim! Vai deixá-los correndo pra rua o dia todo? Ou deixá-los dormindo a tarde toda? Viver pedindo sem saber o valor de algo? Isso não é educar, isso é criar um criminoso. Não tire a oportunidade da criança de ter um preparo para seu futuro. 

A questão do exemplo - Fundamental

Seja você pobre ou não, o exemplo vem dos pais. Não queira obrigar seu filho a estudar se você não mostra um pingo de interesse no que ele está aprendendo. Não adianta dar tudo o que você não teve, a fim de suprir suas necessidades emocionais do passo. Crie seus filhos para o mundo, para viver em sociedade. Ensine-os a pedir licença, pedir desculpas, ceder lugar aos idosos e gestantes, esperar, com educação nas filas, respeitar a todos, sendo mais velhos ou não. Ensine-os de que vivemos em sociedade, que devemos ser humanos e sensíveis para com o próximo. Ensine-o a trabalhar em equipe, a ver o potencial no outro. 

Dê a oportunidade de ser responsável desde pequeno, das responsabilidades que vida lhe cobrará, mas nunca se esqueça que ainda só crianças, não os impeça de brincar. É nas brincadeiras onde se aprende limite, companheirismo, honestidade, lealdade, raciocínio e muito mais. 

Seja exemplo de seus filhos, mesmo que você não pode ter as mesmas oportunidades. o mundo carece de pessoas que saibam se colocar no lugar do próximo e não repetidores de informações. Deixe-os livres para escolher. A criminalidade não atinge sonhadores. 





Nenhum comentário:

Postar um comentário