Ainda me pego te olhando com carinho ... Pensando em como
seria se não tivéssemos cometidos tantos erros que nos fizeram virar dois,
novamente. Pensei em como seria, se a promessa de nos casar no final de 2014 tivesse se cumprido.
Durante todo esse tempo, juntos ou não, você sempre
esteve em meus aniversários. Teve um natal em passamos num posto, esses de
beirada de pista. Teve o ano novo na praia, onde voltamos no mesmo lugar em que
a promessa do casamento foi feita, e nós sorrimos, nervosos, não porque era uma
coisa boa, mas porque sabíamos que aquilo não ia acontecer.
Foi amor, não negamos. Mas não é só o amor que sustenta
uma relação. E nosso tempo juntos foi tão conturbado, não e mesmo? Queríamos
enfrentar o mundo com nosso amor impossível, você até cantava aquela musica do
Renato Russo “agora que temos nossa própria casa, são as chaves que sempre
esqueço”, e eu ria, você me fazia rir muito, me fazia feliz.
Teve aquela vez que estávamos no sitio e ficamos deitados
na carroceria da camionete, vendo as estrelas e falando sobre Deus. Aprendi a
ser mais calma, paciente, e você aprendeu a se soltar, curtir a vida. Fiquei
tão paciente que não perdia a calma vendo você aproveitar a vida como se fosse
o último dia, e fui relevando e você, se soltando.
Acabou, cada um para um lado, apesar de ter uma ligação
em comum, somos amigos íntimos um do outro, ninguém entende como conseguimos,
mas é aí onde quero chegar.
Ainda há um amor estruchado lá dentro do peito, ao qual
nos liga, e nos fazem querer o bem e o melhor um do outro. Hoje, quando tomamos
café naquele posto onde nos conhecemos, eu queria falar sobre aquela noite, mas
você sempre corta o assunto. Talvez porque se lembre com carinho, ou, talvez,
porque não quer que as lembranças voltem mesmo. E tomamos nosso café, sem nem
abrir a boca para falar algo, porque ali, era nosso lugar sagrado.
Ao entrar no carro, você ligou o rádio, numa maneira
desesperada de quebrar o silêncio que se formou. Para nossa surpresa era aquela
musica, do Renato, e estava bem naquela parte que você cantava como se fosse um
hino: “quero ouvir uma canção de amor que fale sobre minha situação, de quem
deixou a segurança do seu mundo por amor”.
Peguei sua mão e a beijei carinhosamente, depois fiz um
carinho na sua barba por fazer. Você sorriu, e disse “criatura, ainda vamos ser
muito felizes, juntos ou não, ainda estamos juntos, de coração”.
Eu sorri ...
Talvez eu nunca mais ame alguém como eu te amei, você
foi, e posso afirmar, o homem da minha vida.
Mas, até o amor, quando não é bem sustentado, se
transforma. Ainda bem que o nosso se mostrou doce, ainda que com muitas mágoas.
Mas sempre estaremos juntos, estando ou não juntos, porque estamos no coração
um do outro.
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